segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Ciclos de Vida !
p/ Luiz Alca de Sant'Anna
Toda natureza é cíclica: nada é dado por inteiro, tudo tem seu amadurecimento e floração. O dia e a noite, as estações, a semeadura e a colheita no período certo. Por que no homem seria diferente? Somos seres cíclicos. As mudanças ocorrem de tempos em tempos, trazendo novos interesses e despertando talentos e buscas, antes apenas potentes e agora, latentes.
Percebemos que mudamos de ciclo quando algumas coisas que eram tão importantes deixam de ser e outras, para as quais não dávamos nenhuma atenção, passam a ser focadas.
Mudam os objetos de nossa inquietação; os motivos das preocupações. O que antes irritava tanto ou nos fazia perder a paciência já não provoca essas atitudes. Sentimos que alguns fatos, coisas e...(ai, uma parte dolorosa) vão se afastando e passam para outro setor da nossa biografia, o arquivo, não morto, por favor, mas a ser consultado e não mais vivenciado.
A chegada de um novo ciclo desperta interesses como foi dito acima, aviva a motivação esgarçada, impulsiona a movimentos, desperta, enfim. É uma benção quando se percebe e se dá passagem a um ciclo novo. Mas ele tem um inimigo carinhoso, se pudermos chamar assim: O hábito, essa gaiola de ouro que nos aprisiona ao prazer do repetido. Sempre digo que tomo cuidado porque adoro os meus hábitos, embora saiba que eles tentam de todas as formas ganhar o interesse de um ciclo novo através de frases como "não vale a pena" ou "deixa eu ficar sossegado no meu canto" que soam no silêncio do nosso ego.
Fases são circunstâncias, situações que irrompem em nosso cotidiano e que não escolhemos, necessariamente. A fase dos filhos pequenos, aquela em que estamos no auge do profissionalismo, a da aposentadoria, o momento em que os filhos saem de casa, a hora em que é preciso cuidar do pai ou da mãe, idosos e doentes, etc.. As fases, muitas vezes, interrompem um ciclo no auge de seu impulso, dada a impossibilidade externa, física, de se viver o que está sendo pedido pelo desejo e pela ânsia. Esse é um erro fatal.
Queremos esperar a fase passar para o ciclo se cumprir.
Coisas do tipo "depois que a minha filha casar, no ano que vem, aí eu vou fazer um curso de pintura, já que, de repente, me deu vontade". Essa vontade não espera. O ciclo não se submete à fase. Abafado, ele se anula e desaparece. E algo não foi vivido, evoluído, movimentado.
É preciso jogo de cintura, imaginação, autoestima para não se perder um ciclo quando a fase é antagônica. Essa é a sabedoria do viver, é ter consciência do que somos e daquilo que a nós foi destinado. Não é fácil, mas fundamental.
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