Sim, existe essa saudade que sabemos, indefinível mistura de sensação de perda com esperança. Ela aí está, extrovertida nas canções, poemas, textos e falas. É a saudade que dói.
Mas há a outra, oculta: a saudade que rói. Esta, não é clara e raramente aparece com tal. Vem por deprimir, por diminuir as resistências ou provocar o azedo do mal estar. É a saudade que adoece, a da ziquizira, o calundu dos negros escravos. É a irmã da impossibilidade.
A outra saudade, a poética, baseia-se na possibilidade de ser vencida pelo reencontro, pela oportunidade de cessarem as causas da separação. Atenua-se com a esperança, da qual é irmã. Ela só existe por não estar sendo possível aquilo que será. Ela antevê a felicidade posterior da qual é o preço pago por antecipação.
A saudade oculta, esta é sorrateira, lava por dentro, sem manifestações que a tornem clara. Rói, por saber impossível o objeto de sua causa. Existe nas perdas definitivas, na morte, nas impossibilidades de realizar o que existe de verdadeiro entre as pessoas que lhe são a causa. Pessoas ou fatos, acontecimentos, o tempo sem cicatriz do que passou e não há como juntar.
A saudade oculta não fala, tampouco faz versos ou melodias. É calada, surda e muda. Tão somente rói. É ignota. Amargura d’alma jamais chegada ao nível da razão. Ela não fala, age. Derruba esperanças em silêncio. Desaba alegrias sem dar razões. Detona males do corpo, cansaços, alergias ou ameaças de morte. Faz doer as juntas, torna pesado o modo de andar e endurece o corpo enquanto o entorta. Traz inexplicáveis insônias e a tristeza vaga das dores sem solução
Mas há a outra, oculta: a saudade que rói. Esta, não é clara e raramente aparece com tal. Vem por deprimir, por diminuir as resistências ou provocar o azedo do mal estar. É a saudade que adoece, a da ziquizira, o calundu dos negros escravos. É a irmã da impossibilidade.
A outra saudade, a poética, baseia-se na possibilidade de ser vencida pelo reencontro, pela oportunidade de cessarem as causas da separação. Atenua-se com a esperança, da qual é irmã. Ela só existe por não estar sendo possível aquilo que será. Ela antevê a felicidade posterior da qual é o preço pago por antecipação.
A saudade oculta, esta é sorrateira, lava por dentro, sem manifestações que a tornem clara. Rói, por saber impossível o objeto de sua causa. Existe nas perdas definitivas, na morte, nas impossibilidades de realizar o que existe de verdadeiro entre as pessoas que lhe são a causa. Pessoas ou fatos, acontecimentos, o tempo sem cicatriz do que passou e não há como juntar.
A saudade oculta não fala, tampouco faz versos ou melodias. É calada, surda e muda. Tão somente rói. É ignota. Amargura d’alma jamais chegada ao nível da razão. Ela não fala, age. Derruba esperanças em silêncio. Desaba alegrias sem dar razões. Detona males do corpo, cansaços, alergias ou ameaças de morte. Faz doer as juntas, torna pesado o modo de andar e endurece o corpo enquanto o entorta. Traz inexplicáveis insônias e a tristeza vaga das dores sem solução
Artur da Távola
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