segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Procura-se


Procura-se uma alma de criança que foi vista, pela última vez, dentro de nós mesmos, há muitos anos... Ela pulava, ria e ficava feliz com seus brinquedos velhos...Exultava quando ganhava brinquedos novos, dando vida a latinhas, barbantes, tampinhas de refrigerantes, bonecas, soldadinhos de chumbo e figurinhas... Batia palmas quando ia ao circo, quando ouvia músicas de roda, quando seus pais compravam sorvete:"chikabon, tombon, eskibon"... tudo danado de bom! Ela se emocionava ao ouvir histórias contadas pelo pai ou quando lia aqueles livrinhos de pano que a madrinha lhe dava quando ia visitá-la...Chorava quando arranhavam seus brinquedos:aquele aparelho de chá cheio de xícaras com que servia as bonecas ou os carrinhos de guindaste, tratores e furgões Fazia beiço quando a professora a colocava de castigo, mas era feliz com seus amigos, sua pureza, sua inocência, sua esperança, sua enorme vontade de ser uma grande figura humana, que não somente sonhasse, mas que realizasse coisas importantes, em um futuro...
Onde ela está? Para que lado ela foi? Quem a vir, que venha nos falar...Ainda é tempo de fazermos com que ela reviva, retomando um pouco da alegria de nossa infância e deixando a alma dar gargalhadas, pois, afinal,"ainda que as uvas se transformem em passas, o coração é sempre uma criança disposta a pular corda". Para não deixar morrer a criança que todos temos dentro de nós... deixe-a sair, brincar e sonhar...Uma das poucas coisas que ainda podemos fazer sem ter de pagar impostos!!!!

O presente é lindo, as circunstâncias de hoje são importantíssimas de serem bem curtidas. Em suas emoções, propostas, sentidos. Não se pode viver só se projetando para o futuro ou olhando para o passado. Mas, sem olhar de futuro não há esperança e, sem referência ao passado, não há lembranças queridas. E, em não havendo lembranças, não pode haver felicidade, já que esse presente instantâneo, pela rapidez da passagem, não deixa a gente sentir no ato o estado de espírito de ser feliz, ainda. É apenas prazeroso, sensorial. Vamos nos sentir felizes depois, quando pensarmos na cena, quando lembrarmos do momento, do primeiro olhar, da emoção, do abraço. Eis porque recordar é ser feliz. Sem medo ou constrangimento de estar sendo saudosista. Como diz, maravilhosamente bem, Manuel Bandeira: “ Choras, sem perceberes que a saudade é um bem maior, porque é a felicidade que ficou”. Fica aqui minha reverência aos bons momentos, numa gostosa saudade de fatos e pessoas, numa felicidade que ficou .......

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