Passáros !

Pássaros em minha janela

Há um pássaro em minha janela,

Acabou de pousar,

Parece cansado, deve ser o calor,

Deve ser o sol.

Veio em busca da sombra

Projetada pelo umbuzeiro

Ainda cheio de flores brancas.

Outros pássaros chegam,

São pardais, canários,

Chegou um rouxinol,

Faz tempo não vejo um,

Um cardeal, outro canário,

Uma cotovia posou na janela...

Olha o sabiá no galho do Oiti!

Deve ser por causa do calor

Na recém tarde de verão,

Coloquei uma vasilha com água,

Eles se banham, não brigam

Esperam educadamente

A hora do banho de cada um...

Chegou um azulão.

Minha janela está colorida

Por penas de tantas cores,

Pássaros de tantos tamanhos,

Bicos de laque, um curió...

Coloco frutas na janela,

Mamão, banana, melão,

Uma fatia de melancia.

Renovo a água, eles esperam,

Não se espantam como se soubessem

Que não os quero assustar e nem assustados,

Cantam. Cantam como se orquestrados,

Parecem agradecer a água e as frutas,

Sopra uma brisa sobre os pássaros

Que em revoada partem e voltam.

Um canário entra na sala,

Pousa no espaldar de minha cadeira,

Ensaia uma cantoria, estrila sons

Passa sobre minha cabeça

E se perde entre os galhos

Do umbuzeiro forrado de flores brancas,

Como se fosse um céu estrelado.

E todos partem, mas antes

Cantam uma canção, agradecidos

Pela água e pelas frutas...

Deixaram minha janela

Mais alegre e humana

Nesta tarde recém nascida

Num verão de calor intenso.

(Do livro "Arvore em frente de minha janela - poemas escolhidos" - Jorge de Azevedo)