segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Jardim de Valhala


Conta a lenda que na morada do Criador existe um imenso jardim, chamado de Jardim de Valhala. Neste jardim, onde o tempo não vigora, e um minuto e a eternidade convivem no mesmo momento, ficam os espíritos bons, escolhidos pelo Altíssimo, aguardando a hora de serem enviados à Terra para cumprirem sua missão.

No Jardim de Valhala dois espíritos, um chamado Danjar e outro chamado Kandata, ficaram por tempos e tempos, surgindo um amor profundo entre ambos. Um amor puro, fraternal, que os unia com uma força superior à própria força do amor.

Danjar e Kandata estavam sempre juntos. Um era a alegria do outro, e, por um fenômeno que o mero conhecimento humano não explica, um brilho descomunal reluzia sobre os dois quando estavam lado a lado.

A alegria que os dois espalhavam contagiava os demais espíritos e os dois transformaram-se na essência do jardim.

Um dia, Danjar foi enviado à Terra. Kandata, à princípio, ficou muito feliz em saber que o seu inseparável companheiro tinha, finalmente, sido enviado para cumprir sua missão, porém, aquela alegria de primeiro momento foi se tranformando em uma tristeza profunda.

O Jardim de Valhala, de um instante para o outro passou a não ter mais sentido. Nada mais tinha sentido. Até o brilho de Kandata foi morrendo e ela passou a ser a imagem viva da dor. Os outros espíritos de tudo fizeram para que a alegria de Kandata voltasse e nada conseguiram.

A dor de Kandata era tão profunda que os outros espíritos, compadecidos de seu sofrimento, resolveram enviá-la à Terra, mesmo sem ser a hora certa, para que ela pudesse procurar e encontrar Danjar, e, se possível levá-lo de volta ao jardim.

Tomando Deus conhecimento da rebeldia de Kandata, deu-lhe um castigo. Ainda que ela estivesse na Terra, nunca encontraria Danjar, vez que ele estaria sempre em lugar diferente do dela e ela jamais poderia trazê-lo de volta ao Jardim de Valhala.

Kandata então, em um gesto desesperado, dividiu seu amor em infinitos pedaços e implantou cada pedaço em um novo espírito que viesse à Terra, pois assim, não só ela, mas centenas de espíritos procurariam por ele e algum poderia encontrar Danjar. Cada um deles levava parte do amor dela, um dia uma parte dela estaria junto daquele que ela tanto amava.

Kandata dividiu-se e dividiu-se tanto, que dela nada mais restou senão a lembrança. Assim, quando duas pessoas se encontram e sem qualquer explicação, um laço profundo de amor surge entre ambos, é um pedaço do amor de Kandata que encontrou na outra pessoa, um pedaço do brilho de Danjar.

(Maktub)

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