quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um Filme !


- Nunca te vi, sempre te amei
Sou "fã de carteirinha" da sétima arte. Sou alvo dos seus encantos, desde menininha.
...Assistir a um filme, para mim, exige um ritual. O ritual de desligar-me de imagens e sons do cotidiano para mergulhar nas imagens e sons impressos na tela. É um cerimonial onde descubro a arte da vida retratada em movimento e reencontro pedaços da minha própria vida pincelados entre uma cena e outra.Processo de identificação que justifica a arte por si mesma.
A paixão é tanta que, muitas vezes, filmes a que já assisti procuro rever ... Alguma coisa muito forte deixou marcas e quero senti-las novamente.
Pois foi uma dessas razões que me fez buscar o filme Nunca te vi, sempre te amei, com desempenho de Anthony Hopkins e Anne Bancroft. Nas locadoras de vídeo em que procurei, sai frustrada porque a fita não existia em seus acervos ...
Já estava conformada em revirar minhas memórias para buscar o que queria relembrar, quando abri o jornal e me deparei com a programação de uma emissora de televisão, incluindo o filme ... Coincidência ou não, encontrei o que buscava. Assisti com um prazer incrível ... Saboreei cada detalhe, cada gesto, cada palavra, cada emoção com uma apreciação renovada.
Não me contentando, ainda fui procurar em meu acervo de livros, e lá estava ele... Nunca te vi.. sempre te amei. Reli agora com maior emoção.

Em síntese, o roteiro trata da correspondência mantida entre uma escritora de Nova Iorque e o gerente de uma livraria de Londres, onde se comercializavam livros raros. Simples. Muito simples, já que a história se passa em 1949 e se estende por mais de 20 anos. O meio usado era o correio e os carteiros faziam o trabalho de entrega e recebimento. Coisas em desuso atualmente: selos, envelopes, folhas manuscritas, surpresas palpáveis. O tempo de desenrolava, lentamente, entre uma carta e outra, trazendo um saber de expectativa mastigada em suspiros de espera e de ansiedade. Lindo !!!

Em um determinado momento, na película, o entrosamente entre os dois é tão declaradamente profundo que eles começam a conversar, olhando para a câmera como se estivessem frente a frente. Na verdade, milhas de terra e mar estavam separando-os fisicamente, mas parecia que desconheciam esse detalhe. Aliás, mero detalhe porque quando encontros verdadeiros acontecem, a distância é condicionamento geográfico de menos importância.

Emocionei-me com a delicadeza da cena, vivida com perfeição por dois grandes atores, que passaram, com a sutileza do preciosismo, a imagem interior de cada personagem, respirando o outro.

Falar sobre isso, hoje, torna-se quase fora de hora. Quase porque a modernidade trouxe-nos a realidade virtual que permite o correio instantâneo, sem espera de carteiro, sem abertura ansiosa de envelopes... Agora, é só ligar o computador na Internet e abrir com um toque de indicador, a caixa de correspondência eletrônica. Pronto ! A carta impressa na telinha, pode ser lida e respondida em minutos.

O melhor de tudo é que esse avanço tecnológico, sinal dos tempos, adapta-se, também à realidade da vida e não a desfigura transforma-a.

O amor continua acontecendo, valendo-se da evolução dos meios e servindo-se deles para unir personagens através das distâncias.

Inúmeras pessoas têm descoberto sua alma gêmea na intincada rede de comunicação e fazem alusão, sem saberem, ao título Nunca te vi, sempre te amei...

Algumas delas, ultrapassam a distância e, frente a frente, realizam sua história. Destino que, uma força maior, um plano melhor, determinou, alheio aos limites da máquina e atento ao processo da vida. Vida que se repete, como num filme, com os personagens que aceitam o roteiro, quando a palavra de ordem é: amor. E amor, meus caros, é o mesmo sempre, em qualquer tempo ou espaço.

Se você foi premiado com essa descoberta, prepare a mala, a mochila, a esperança e parta em busca do seu presente. Os encontros, nesse nível de profundidade, são raros. Não espere 20 anos, como na história do filme. Não vou contar o final emocionante , para quem não viu ou não leu tenha esse prazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada, fico feliz em ver você por aqui.