sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Poesia escrita em linguagem Sertaneja


PAI NÓE
Milla Fernandes
Vê só meu pai Noé,
mais um ano te esperei,
fiz tudo bem direitinho,
rezei,
ponhei meus sapato najanela,
te implorei,
gastei meus óio miúdo
de tanto te aprocurá.
Num durmi direito
pruque garrei a vigiá
o pão doce que busquei na nhá Benta
só prá mode te homenagiá.
Já era quase dia
e no meu peito a vontade de te falá.
Eu sei Pai Nóe, vancê é home ocupado,
trabaiadô,
precisa levá os brinquedo
pros João, pros Paulinho
e até pros fio do doutô,
Mas e eu Pai Nóe, também sô gente e crente
e pur issu muitas veiz riso e zomberia,
mais num faiz má, eu vô te esperá,
quem sabe nóis ruma
um outro dia prá fazê nosso Natá.
Agora eu vô te alembrá o meu presente.
É prá mim, Pai Nóé.
Num pedi luxo, nem grandeza, nem lindeza.
Eu só queria um amô, Pai oé, um amô
bem forte como aqueles dos amante,
que pudesse enxergá nos meus óio verde
alguma coisa mais além da cô,
que gostasse dos meu defeito, Pai Noé
e que amasse cada uma das ruguinha
do meu dedão do pé.
Ah, aí eu ia sê feliz
e garanto prá vancê nada mais ia pedi.
Sabe Pai Noé, não vou tirá meu sapato da janela,
quem sabe vance tá atrasado
e ainda vai chegá,
quem sabe num chego a hora de sê meu Natá.
Mais vô te dizê uma coisa Pai Noé,
se vance num pudé o meu pedido fazê,
num faiz má, mais pur favô,
num me tire o direito de podê cantá,
pur favô, Pai Noé,
num, me tire o direito que eu tenho de sonhá.

2 comentários:

  1. Natal que passa...

    A cada Natal que vem,
    Outros passarão.

    Vem outro e passará.

    Fica a preparação do próximo.
    Agonia sem fim.

    Todos a festejar!

    Comida farta
    Outros sem pão.

    Uns choram
    Alguns até soltam gargalhadas.

    Celebram a vida
    Outros lembram a morte.

    O Natal será o mesmo.
    Poty – 17/12/2009

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