quinta-feira, 11 de março de 2010

O Menino que chorou de Verdade !



Ele olhava para algodão e via feijão. Um
dia caminhando por um campo de plantação de algodão ficou com medo de
tanto feijão que poderia dali nascer. Quando
sonhava-algodão-nuvem-do-céu sua cabeça pensava feijão. Quando comia
algodoava-seu-paladar. A professora-da-escola-verdade ensinara que no
fundo dos copos cobertos de algodão-fertilidade nascia feijão. Era
preciso cuidar! O menino tinha medo de cuidar. Achava que tudo que era
cuidado viraria feijão. E ele mesmo não gostava de comer feijão. Havia
uma comida que na vida de todos que ali viviam era A Verdade: arroz com
feijão! Mas o menino não gostava de comer verdades. Ele gostava de
inventar verdades. Um dia o menino cresceu tanto que descobriu
verdades. Descobriu que feijões não nascem de pés-de-algodões ou
copinhos úmidos-de-mentira. Descobriu que brotar não é amadurecer e
colher. Descobriu que brotar podia ser mentira. Descobriu! Tirou a
coberta de cima de si e levantou-se da cama. Espreguiçou-se. Abriu a
boca e todo mundo viu uma lágrima saindo dos seus olhos. Quem olhava
aquela lágrima dizia que era de verdade! Mas o menino nunca disse que
era A Verdade!

Autor: Giuliano Tierno
Ator, diretor, escritor e contador de histórias.

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