terça-feira, 25 de maio de 2010

Gratidão !


Gratidão
Eis um sentimento que deixa a vida tão mais bonita e ampla, principalmente quando se entende, realmente, de sua grandeza dentro da condição humana, distinguindo-a do agradecimento, da solidariedade ou da ajuda humanitária, belíssimas atitudes em comportamento, mas sem a magia da gratificação.
Como vêem, agradecer, gratificar-se, tornar-se grato, tem como raiz a graça, aquilo que se recebe em ajuda fundamental sem que se peça ou perceba de imediato e que chega na hora certa de nossa desvalia.
A palavra gratidão define o reconhecimento de uma graça recebida, o que tanto pode ser uma bela surpresa humana como uma benção em se tendo o sentido místico. Sempre chega de repente e, na maioria das vezes, não vem de onde esperamos. Ser grato é reconhecer um ato de afeto ou doação que veio cobrir uma carência ou vácuo num momento difícil.
Quanto a nossa deficiência é compensada por um gesto que faz parte do excedente do outro e assim nos equilibra para continuar a jornada. Uma sustentação. Momentânea, sim, mas que nos torna gratificados para sempre em relação a quem nos segurou.
Que não depende do nosso mérito e não foi medida por quem nos deu essa retaguarda, que, que em princípio, nem sabe do que fez e chega a se assustar quando expressamos o quanto seu gesto foi importante para nós. Não sabe por que se trata de um excedente, dado de coração e alma, sem medidas ou avaliações. O mais belo é que através dela registramos o bem da vida e expandimos a consciência. Registro que, bem apreciado e analisado, leva a transformações em nossa maneira de viver.
É completamente diferente do agradecimento. Que é muito bom, colore a existência, é delicioso de receber, mas é externo.
Ficamos agradecidos por uma gentileza, amabilidade, cortesia. Por um gesto de atenção, pelo prestígio dado com a presença num evento nosso ou que, para nós representa, por um carinho ou petit-bonheur. O que torna o convívio muito gostoso, aquece o cotidiano. Só não é tão profundo quanto a gratidão. Dá para perceber a diferença ?
Diante do exposto, a gente entende dois pontos importantes: um é que a gratidão não se retribui. Como se poderia, já que não é medida e não depende apenas de nossa vontade ? Aquela frase que eu mesmo já afirmei muitas vezes “tenho uma dívida de gratidão” cai por terra. O que tenho é uma emoção enorme e o melhor desejo de que aquele que me gratificou alcance todas as venturas.
Por outro lado, como falar de ingratidão ? Quem seria o ingrato ? Aquele que não reconheceu algo que fiz por ele, certo ?
Mas se ele não reconheceu, quem esperava era eu e se eu avalio o que fiz, já não é pura doação. Logo, será melhor dizer a tal pessoa foi, é, muito mal agradecida. Concordam ?
Na verdade, a gratidão é um bem da vida, não um ônus. Tudo o que se fizer a partir de um reconhecimento se alia ao que foi feito pelo outro e forma uma unidade, um tipo de corrente de afeto essencial que nos torna melhores e mais felizes.
Luiz Alca de Sant’Anna

Um comentário:

  1. Certeira definição, apropriada reflexão acerca do tema_ Gratidão_ muitas vezes equívoco na ação de quem pratica e de quem recebe.Que seja sempre um corrente do bem infindável!
    Calu

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