terça-feira, 28 de junho de 2011

Dois Futuros !




A frase feita, aquela bem comum, que tantos repetem quando não têm melhores argumentos , e todos conhecem: “O Futuro a Deus pertence”. Quando se quer jogar à frente as decisões que não se consegue tomar.
Mas num entendimento mais profundo, tanto das atitudes, quanto das ânsias humanas, sabemos que existem dois futuros, nesse fantástico movimento do tempo, embora muitos ignorem a possibilidade de uma atuação mais efetiva e atribuam tudo ao desconhecido. O que é mais fácil e prático, evidentemente, embora muito pouco realizador e satisfatório.
Uma parte de nosso futuro comporta apenas o nosso desejo, a esperança sem imagem de que circunstâncias aconteçam, bons eventos caiam dos céus, sonhos lindos se realizem.
Infelizmente, comporta também nossos medos, temores e os fantasmas de cenas assustadoras e negativas que poderão surgir à frente, no rol do possível e do saudável, por mais que haja esforço pelo otimismo.
Outra, já foi trabalhada por nós à distância, já foi preparada e cuidada da melhor forma para quando o tempo chegar. Ou seja, fazemos o que nos cabe no presente, elaboramos as situações do agora, buscamos reforços para que o futuro confirme o trabalho, reproduza nossos investimentos.
Exemplo: estou procurando a viver cada vez melhor comigo mesmo, compreender a diferença entre o melancólico da solidão e a riqueza da solitude, o entendimento da condição de unicidade do ser humano, para que, no que me concerne, é lógico, a velhice não seja tão dura, amarga, traga em seu bojo o caráter do abandono.
Essa luta por uma fatia de sabedoria garante que o entardecer seja dourado, que tudo corra às mil maravilhas ? Claro que não, sabe-se lá quais as artimanhas do destino. Pelo menos, é o que posso fazer por mim, assim como não banalizar ou desperdiçar oportunidades de evolução.
Só de imaginar que estou fazendo a minha parte, no futuro que me cabe, sinto certa segurança. O que distingue futuro mistério, aquele que não depende de nós, de futuro-crença, aquele que antecipamos, poderá acontecer.
Em portugês é apenas espera; já no idioma inglês, eles ficam claros : o to hope e o to expect, assim como no francês, o espérer e o s’attendre a. É importante que se olhe a vida nesse duplo sentido : o que desejamos e o que já antevemos.

Dois futuros lindos, que unem crença e mistério e que acabam por comprovar o privilégio desta passagem. E como a vida, em suas nuanças, nos oferece chances múltiplas e generosas. Desde que saibamos perceber.

Luiz Alca de Sant´Anna

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