terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como se escreve !

Quando eu tinha somente cinco anos, a professora do
jardim de infância pediu aos alunos que fizéssemos um
desenho de alguma coisa que amávamos.
Eu desenhei a minha família. Depois, tracei um grande
círculo com lápis vermelho ao redor das figuras.
Desejando escrever uma palavra acima do círculo,      
sai de minha mesinha e fui até à mesa da professora e disse
- Professora, como a gente escreve…?
Ela não me deixou  concluir a pergunta.
Mandou-me voltar para o meu lugar e não me atrever mais a interromper a aula.
dobrei o papel e o guardei no bolso.
Quando retornei para casa, naquele dia, me lembrei do desenho e o tirei do bolso.
Alisei-o bem sobre a mesa da
cozinha, fui até minha mochila, peguei um lápis e olhei para o grande círculo vermelho.
Minha mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia. Eu queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse.
Mamãe, como a gente escreve…?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora?
 Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela.
dobrei o desenho e  guardei no bolso.
Naquela  noite, tirei outra vez o desenho do bolso.
Olhei para o grande círculo vermelho,
e peguei o lápis. Queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para meu pai.
Alisei bem as dobras e coloquei o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do meu pai e disse
- Papai, como a gente escreve…?
estou lendo o jornal e não quero ser interrompido.
Vá brincar lá fora. E não bata a porta.
dobrei o desenho e o guardei no bolso novamente.
No dia seguinte, quando minha mãe separava a roupa para lavar,
encontrou no bolso da calça   enrolados no papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os  meus “tesouros” que eu catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel.
Atirou tudo no lixo.

Os anos passaram…
Quando tinha 28 anos, minha filha de cinco anos, fez um desenho.
Era o desenho de sua (minha) família.
Sorri quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e me disse.
Este aqui é você papai !
olhei  para o grande círculo vermelho feito por minha filha ao redor das figuras, e lentamente comecei a passar o dedo sobre o círculo.
Ela desceu rapidamente do meu colo e avisou:
Eu volto logo! E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-seoutra vez nos meus joelhos , posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou - Papai, como a gente escreve amor?
abracei minha filha, tomei a sua mãozinhae a fui conduzindo, devagar,
ajudando-a  a formar as letras, enquanto dizia:

Amor... Amor, querida, se escreve com as letras T…E…M…P…O (TEMPO).

Conjugue o verbo amar todo o tempo.
Use o seu tempo para amar.
Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive.
Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre-se: se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo……bom, o tempo é uma questão de escolha. 
(desconheço a autoria)

Um comentário:

  1. Mariza
    Casa rosa, cheinha de amor.
    Tanto quanto a postagem.
    Triste por um lado, pois mostra o descaso que vemos com frequência nas famílias em relação aos filhos, mas que em outras é ponto de honra e Amor.
    Beijinhos e bom dia

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