terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Estação das Perdas !




Há horas em nossa vida que somos tomados
por uma enorme sensação
de inutilidade, de vazio...
Questionamos o porquê de nossa existência
e nada parece fazer sentido.
Concentramos nossa atenção
no lado mais cruel da vida,
aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente:
As perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego ,
a segurança e a proteção do útero.
Estamos, a partir de então,
por nossa  conta, sozinhos.
Começamos a vida em perda
e nela continuamos.
Paradoxalmente, no momento
em que perdemos algo,
outras possibilidades nos surgem.
Ao perdermos o aconchego do útero,
ganhamos os braços do mundo.
Ele nos acolhe, nos encanta e nos assusta,
nos eleva e nos destrói...
E continuamos a perder...
e seguimos a ganhar.
Perdemos primeiro a inocência da infância.
A confiança absoluta na mão
que segura nossa mão,
a coragem de andar na bicicleta
sem rodinhas porque
alguém ao nosso lado nos assegura
que não nos deixará cair...
E ao perdê-la, adquirimos a capacidade
de questionar.
Por quê?
Perguntamos a todos e de tudo...
Abrimos portas para um novo mundo
e fechamos janelas, irremediavelmente
deixadas para trás... Estamos crescendo.
Nascer, crescer, adolescer, amadurecer,
envelhecer, morrer, renascer (?)...

Vamos perdendo aos poucos
alguns direitos e conquistando outros.
 Perdemos o direito de poder chorar
bem alto, aos gritos mesmo, quando algo
nos é tomado contra a vontade.
 Perdemos o direito de dizer
absolutamente tudo que nos passa
pela cabeça sem medo
de causar melindres.
Assim, se nossa tia às vezes nos parece  gorda  tememos dizer-lhe isso.
 Receamos dar risadas escandalosamente
da bermuda ridícula do vizinho
ou puxar as pelanquinhas do braço da vó
(o que deveria ser feito
com a maior naturalidade do mundo e ainda falar bem alto sobre o assunto).
Estamos crescidos e nos ensinam
que não devemos ser tão sinceros.
     E aprendemos...
     E vamos adolescendo... ganhamos peso,
     ganhamos pêlos,  ganhamos altura...
     ganhamos o mundo.

Neste ponto, vivemos
em grande conflito.
Sonhamos acordados,
sonhamos o tempo todo.
Aí de repente, caímos na real!
Estamos amadurecendo...
todos nos admiram.
Tornamo-nos equilibrados,
contidos, ponderados.
Perdemos a espontaneidade.
Passamos a utilizar o raciocínio,
a razão acima de tudo
Mas não é justamente essa a condição
que nos coloca acima dos outros animais?
 A racionalidade, a capacidade de organizar nossas ações  de modo lógico
e racionalmente planejado?
E continuamos amadurecendo....
ganhamos um carro novo,
um(a) companheiro(a),
ganhamos um diploma.
E desgraçadamente
perdemos o direito de gargalhar,
de andar descalço,
tomar banho de chuva,
lamber os dedos.
Já não pulamos mais no pescoço
de quem amamos e
tascamos-lhe aquele beijo estalado...
mas apertamos as mãos de todos,
ganhamos novos amigos,
ganhamos um bom salário,
ganhamos reconhecimento,
honrarias, títulos honorários
e a chave da cidade...
E assim, vamos ganhando tempo....
enquanto envelhecemos.
De repente percebemos que ganhamos
algumas rugas, algumas dores nas costas
(ou nas pernas), ganhamos celulite,
estrias, ganhamos peso...
e perdemos cabelos.
Nos damos conta que perdemos
também o brilho no olhar,
 esquecemos os nossos sonhos,
 deixamos de sorrir...
 perdemos a esperança.
Estamos envelhecendo
Não podemos deixar pra fazer algo quando estivermos morrendo...afinal,
quem nos garante que haverá mesmo um renascer, exceto aquele que se faz em vida,
pelo perdão a si próprio, pelo compreender
que as perdas fazem parte,

mas que apesar delas, o sol continua brilhando
e felizmente chove de vez em quando,
que a primavera sempre chega após o inverno,
que necessita do outono que o antecede...
Que a gente cresça
e não envelheça simplesmente...
Que tenhamos dores nas costas
e alguém que as massageie...
Que tenhamos rugas e boas lembranças...
Que tenhamos juízo mas mantenhamos
o bom humor e um pouco de ousadia...
Que sejamos racionais,
mas lutemos por nossos sonhos...
E, principalmente,
que não digamos apenas eu te amo,
mas ajamos de modo que aqueles
a quem amamos,
sintam-se amados mais do que saibam...
"CORAGEM NÃO É DEIXAR DE ARRISCAR...

mas é:

ARRISCAR MESMO COM MEDO”

(Desconheço Autoria)

2 comentários:

  1. Medo é um sentimento que a gente cria, então vamos des- criá-lo.

    Bom retorno, em todos os sentidos, rsrsrsrs

    beijinhos

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  2. O ser humano foi concebido para a incerteza ...
    Bastante ausente em 2011, passo para desejar FELIZ NATAL e próspero ano novo

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Obrigada, fico feliz em ver você por aqui.