domingo, 22 de janeiro de 2012

Eu tive que aceitar.....


Eu  tive que aceitar que  o meu corpo nunca  fora imortal,
que ele  envelheceria e que um  dia se acabaria.
Eu  tive que aceitar que  eu viera ao mundo  para fazer algo por ele,
para tentar dar-lhe  o melhor de mim,
deixar  rastros positivos da  minha passagem e,
em dado momento, partir.
Eu  tive que aceitar que  meus pais não durariam  para sempre e que  meus filhos, pouco a  pouco, escolheriam seus  caminhos e prosseguiriam  sua caminhada sem mim.
Eu  tive que aceitar que  eles não eram meus  como eu supunha, e  que a liberdade de  ir e vir era um  direito deles também.
Eu  tive que aceitar que  todos os meus bens  me foram confiados por  empréstimo,
que não me pertenciam e que eram tão fugazes como fugaz era a minha própria existência na Terra.
Eu  tive que aceitar que  eu iria e que os  bens ficariam para uso  de outras pessoas quando  eu já não estivesse  por aqui.
Eu  tive que aceitar que  varrer minha calçada  todos os dias não  me dava nenhuma garantia  de que ela era  propriedade minha,
e que varrê-la com tanta constância era apenas um fútil alimento que eu dava à minha ilusão de posse.
Eu  tive que aceitar que  o que eu chamava  de “minha casa”  era só um teto  temporário que dia  mais, dia menos, seria  o abrigo terreno de  uma outra família.
Eu  tive que aceitar que  o meu apego às  coisas só apressaria  ainda mais a minha  despedida e a minha  partida.
Eu  tive que aceitar que  meus animais de estimação,  minhas plantas, a árvore  que eu plantara, minhas  flores e minhas aves  eram mortais.
Eles  não me pertenciam!
Foi  difícil, mas eu tive  que aceitar.
Eu  tive que aceitar as  minhas fragilidades, os  meus limites, a minha  condição de ser mortal,  de ser atingível, de  ser perecível.
Eu  tive que aceitar para  não perecer!
Eu  tive que aceitar que  a Vida sempre continuaria  com ou sem mim,
e  que o mundo em  pouco tempo me esqueceria.
Eu  me rendi e aceitei  que eu tinha que  aceitar.
Aceitei  para deixar de sofrer,  para lançar fora o  meu orgulho, a minha  prepotência, e para  voltar à simplicidade  da Natureza,
que  trata a todos da  mesma maneira e sem  favoritismos.
Humildemente  agora lhe confesso que  foi preciso
eu fazer cessar uma guerra dentro de mim.
Eu  tive que me desarmar  e abrir meus braços  para
receber e aceitar a minha tão sonhada Paz!
Silvia  Schmidt

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