quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Chuva, dor e responsabilidades

 

 

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 Desastres Naturais x Tragédias Humanas

A Terra também grita. E sangra, e chora. A Terra está enferma e ameaçada. Bem como a humanidade.
O que está em crise é o modelo de sociedade e o sentido de vida que adotamos. Os tempos atuais nos urgem a buscar mudanças e novos paradigmas civilizatórios. As autoridades costumam repetir que as tragédias não têm uma única causa, – seriam resultantes de uma soma inesperada de fatores.
A cada temporal, os políticos carregam nas tintas do imponderável. “ Nunca choveu tanto”, “a água dos rios atingiu volume recorde”, “fomos pegos de surpresa”.
No entanto, à custa de centenas de mortes e prejuízos incalculáveis, impõe-se outra vez a dura realidade: O descaso do poder público.
O descaso do poder público é o fator primordial a explicar a dimensão dos estragos causados pela chuva não apenas no Rio, mas também em São Paulo, Minas e pelo país afora.
O descaso do poder público, o desinteresse e alheamento pelo bem coletivo. E toda a dor e todo o sofrimento por eles ocasionados.
Salta aos olhos a incapacidade das esferas governamentais de prevenir as tragédias que se repetem, ignorando as medidas necessárias para proteger as populações das áreas de risco.
E o fato é que o assunto é tratado no dia a dia de todas as esferas de governo como se fosse mais uma banalidade a cargo da burocracia federal. Não é.
Até quando perdurará o criminoso descaso e omissão do poder público?
Funcionários de pelo menos cinco ministérios – Meio Ambiente, Cidades, Transportes, Bem-Estar Social e Integração Nacional–...
...já deveriam ter passado pelas cidades da região serrana do estado nos últimos anos e observado que a ocupação das encostas não podia acabar bem.
Um colunista do jornal Folha de São Paulo chega a questionar que talvez cinco ministérios não sejam suficientes para cuidar do assunto, e propõe a criação de mais um, o Ministério da Catástrofe.
Qual o limite da incompetência da gestão pública?
Quantas vidas ainda haverão de ser ceifadas pelo descaso e pela cegueira social que acomete nossos políticos e governantes?
Com a tolerância, e até o estímulo irresponsável do poder público, áreas sob risco permanente de deslizamentos são ocupadas desordenadamente.
Normas de edificação são ignoradas, os cuidados com a cobertura florestal e com a impermeabilização do solo são considerados dispensáveis.
Não se trata apenas de incompetência técnica nem falta de recursos. Muitas vezes, por motivos políticos, autoridades não se dispõem a pagar o preço de remover os habitantes das áreas ameaçadas.
Estas mesmas autoridades, muitas vezes, facilitaram a sua ocupação, criando redutos eleitorais em terrenos predestinados à tragédia.
A omissão das autoridades só pode ser chamada de criminosa, quando suas vítimas, mais uma vez, se contam às centenas nestes dias.

Criança de nove anos de idade, vítima dos deslizamentos, é enterrada em Petrópolis/RJ.
“ O ser humano nasce para uma vida longa e plena. E se ele morre antes de seu termo, que acontece com a vida não vivida?”
“ Para onde vão suas alegrias e dores? Os pensamentos que não teve tempo de contemplar, os atos que não cumpriu?”
Cada pessoa é única. No oceano da existência, nenhuma gota se repete.
A dor sempre lacerante de quem perde um parente de modo inesperado.
“ Meu nome? Não sou mais ninguém.” Desabafo de morador de Friburgo que carrega o caixão da filha. Atrás dele, o corpo da mulher.
Famílias que num piscar de olhos deixaram de existir.
Famílias como a formada pela estilista Daniela Conolly, o músico Alexandre França, e João Gabriel, de apenas dois anos de idade.
O que acontece com todos os sonhos e planos abruptamente interrompidos?
Quão frágil e incerta é a existência terrena...
Algum dia talvez venhamos a compreender que aquilo que aflige uma parte acomete o todo igualmente.
“ Que importa termos muitos corpos? Nossa alma é uma só.” Mahatma Gandhi
Neste momento de dor, dedicar orações para as vítimas desta tragédia.
Apoiar com doações as ações de solidariedade em prol das 5 mil famílias que tiveram as casas devastadas pela enchente.
E, principalmente, exercitar a nossa cidadania, de modo a tentar reverter a cegueira e a surdez que acometem políticos e governantes.
Promover a cidadania, contribuindo com a nossa parcela para o bem comum e a dignidade social.
“ Somente a participação cidadã é capaz de mudar o país “ Que a Justiça seja nosso ideal. Que a Solidariedade seja nosso ideal.” Betinho .


Um comentário:

  1. Diante dos fatos,uno-me aos que aqui registram sua indignação com os trágicos acontecimentos que poderiam ter sido evitados se possuíssemos governantes e não políticos.
    Abaixo-assino,
    Com pesar,
    Calu

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